Visão Geral
A comunicação neuronal, mediada por contactos sinápticos numa complexa rede neuronal, é responsável por todas as nossas ações e comportamentos, desde movimentos e aprendizagem, à formação ou evocação de memórias, e até mesmo o sono. Para que as sinapses se formem e funcionem adequadamente, os neurónios precisam de ter à sua superfície celular moléculas essenciais, tais como moléculas de adesão. Por exemplo, estas proteínas da superfície celular facilitam a formação de sinapses entre tipos específicos de neurónios, e em momentos apropriados durante o desenvolvimento. Desta maneira, os mecanismos moleculares e celulares que asseguram o transporte e a presença destas moléculas na superfície neuronal são essenciais para a formação e funcionamento do sistema nervoso. Quando ocorrem alterações nestes mecanismos que resultam em mudanças na distribuição ou na função destas proteínas, surgem deficiências na comunicação neuronal que se manifestam em alterações neurológicas observadas em doenças do cérebro, bem como no envelhecimento.
No laboratório MemBRAIN, estudamos os mecanismos moleculares e celulares que asseguram a distribuição correta das proteínas da superfície celular nos neurónios (localização e abundância), e caracterizamos também a função de algumas destas proteínas cujo papel desempenhado nos neurónios é ainda desconhecido. A nossa investigação é focada principalmente no desenvolvimento normal do sistema nervoso, bem como em condições patológicas, tais como doenças neurodegenerativas, e também durante o envelhecimento.
Para tal, usamos como modelos para investigação culturas primárias de neurónios de roedores, culturas de neurónios humanos, fatias de cérebro de roedores, vetores virais e modelos genéticos e de doenças em roedores. Utilizamos como principais técnicas imagiologia em neurónios vivos, proteómica, eletrofisiologia, diversos ensaios de bioquímica, bem como técnicas de ponta de biologia celular e molecular, como CRISPR-Cas9 para manipulação genética.
Esta abordagem não só nos permitirá entender os mecanismos essenciais que levam à formação e função do sistema nervoso, mas também identificar possíveis alvos e estratégias terapêuticas que visam mitigar as alterações neurológicas que surgem na doenças cerebrais e no envelhecimento.
